sábado, 19 de dezembro de 2009

"Deus deu a Palavra e a Palavra criou o Homem"


O poeta
esse falso domador
das palavras

Vive a deriva
excedendo todos os horizontes
da compreensão

A Palavra
é o seu único porto
essa estrutura insossa

Que significa sempre
uma outra
C O I S A


C u i d a d o P a l a v r a s F
a
l
h
a
m


Psiu! Silêncio as palavras têm varulho


São muito barulhentas
podem acordar um mundo
deixar o pensamento
de pernas para o ar

Psiu! as palavras são muito barulhentas

não compreendem o silêncio

C
h
o
r
a
m

do livro "Diário de Guria I" de MB maria bel baptista

sábado, 3 de outubro de 2009

“FOTOGRAFIA” do livro diário de guria II





Na Visconde de Pirajá n* 153
tem uma Mangueira
ninguém vê
só eu

antes meninos de rua
comiam manga sentados
no telhado do unibanco
hoje eles assaltam os bancos
e os bancos nos assaltam
a mangueira continua
ali
com suas mangas
completamente indiferente
ao medo a culpa e a raiva
minha do unibanco e dos meninos de rua
fotografei
a manga os meninos de rua o unibanco e a mangueira

Na Visconde de Pirajá n*153
tem uma Mangueira
ninguém vê
só eu


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

do livro "diário de guria I"

Me fiz árvore desde pequena
foi quando adormeci
pela primeira vez
na minha casinha
lá do pé de manga
de manga carlotinha

ao fundo o poço
mais à frente
a casa
e todos os seus
pertences

dês do aí descobri
que sou parte
do despertence
e não dos pertences
da casa

daí do diante
me despertenci



Não pertenço a nada
Sou parte do despertençe de Tudo

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

" A ARQUITETA "

“A Arquiteta”
do livro “Cantos que Contam: Sonhos”


Eu desde menina tinha pouca serventia na vida, no cotidiano, na casa. Vivia construindo outras moradas; nunca estava no lugar que me cabia.
Um mundo diferente, sublime, distante, longínquo, teimava em riscar no meu horizonte todas as suas perspectivas arquitetônicas - nada do que existia nesse mundo conseguia superar o que se via no horizonte de minha casa.
Eu era uma arquiteta brilhante.
E morava sempre por ali, por essas casas, esses castelos, essas masmorras...
Me prendia, e me fazia soltar de longas e enormes argolas de ferro, quando alguém, vestido de negro como a noite, assolava diante dos meus pés prometendo-me vida eterna em um amor que nunca deixaria de ser revisto e revisitado por toda uma eternidade. E as argolas pesadas, soturnas, com um tilintar de ferro que toca a mármore fria se desprendiam de meus pequeninos pés como em um toque de mágica
E eu partia para outra casa, um castelo enorme, onde cavaleiros alados se colocavam enfileirados para a minha chegada triunfante em um dia ensolarado e belo.
E assim iniciava eu o dia em uma outra casa, a do amor eterno.
E por aí ia a minha vida passando como um meteoro rápido e rasteiro sem me dar tempo de habitar o lugar que a minha própria casa destinava para mim.
Eu sempre estava de partida para as minhas casas arquitetonicamente bem construídas, que me acompanhavam onde quer que eu estivesse ou pretendesse ir, elas iriam.
Até a construção de cada uma delas reinava o silêncio; não havia tempo para resmungos choradeiras confusões. Como uma pluma sonâmbula, ninguém percebia minha ausência, eu permanecia surda e quieta, sem que ninguém percebesse a mirabolante casa sendo construída.
Uns mais engraçadinhos soltavam gracejos do tipo:
O que ela está tramando!?
Eu fingia de surda, sem ouvidos para nenhum gracejo. Ninguém me tirava desse solene silêncio. Momento da mais sublime criação.
Algo mais importante pedia toda a minha atenção naquele momento, e qualquer que seja, mesmo um pequeno lapso de perda do tempo, poderia ruir uma construção inteira, e eu mais do que ninguém sabia disso. E me mantinha atenta quieta, como alguém que iniciou uma batalha e agora necessita chegar até o fim com coragem e determinação, não lhe restando um outro caminho que não seja toda uma construção se sustentando magnífica. Ou a mesma: desabando desmontando por sobre o seu próprio criador, pedra sobre pedra, poeira por sobre poeira, teto sobre teto...
Isso sim deveria ser o fim, o inferno, o que chamam de destino de todos, a morte: Ui! Menos o meu. Eu não queria isso nunca para mim. Sempre odiei a morte.
E me mantinha ocupada pelos cantos, sem chamar a atenção dos intrometidos, dos bisbilhoteiros, dos que ficam como pererecas grudados no tempo do outro. Assim meio gelados, gosmentos, grunhindo lentos, quase parados, amebas do tempo.
Eu tinha pressa corria, entrando em cada detalhe, não podia deixar um tijolo, uma pedra ruir, uma janela emperrar, um quadro fora do seu lugar, nenhuma cortina rasgar, tudo tinha que estar pronto e perfeito no seu mais delicado detalhe, para o grande dia quando todos poderiam entrar comigo na grande casa de minha história.
Os meus vassalos, os meus reis, os meus animais de estimação, as minhas gazelas, os meus príncipes, as minhas cobras, as minhas bruxas, os meus carrascos, a minha arquitetura abrigava o mundo inteiro.
E eu dona daquele palácio, daquela masmorra, daquela casinha, daquela mansão, daquele casebre, daquela oca, daquela senzala: Todas arquitetonicamente construídas em todos os detalhes por mim, passavam a ser mais uma de minhas moradoras.
Havia momentos que me jogava no chão dia e noite esfregando uma imensa casa, resmungando, olhando feio para os patrões, tramando a morte deles, com uma faca bem afiada e certeira para os seus peitos, cortando as carnes em picadinho como se cortasse cada membro da família. Outros dias eu acordava cantarolando assoviando para os quatro cantos do vento de tanta alegria ao dormir abraçada em uma cama imensa, onde estrelas tilintavam do céu por sobre a abóbada do teto, todas dedicadas ao meu amor eterno, ali dormindo nos meus braços, e distribuía presentes e beijos por toda a casa. Outros dias eu só olhava a todos de cima abaixo, gritando com todos os meus pulmões ordens e mais ordens. Às vezes infringia a lei do espaço e batia em alguns. Os menores, eu amarrava em algum tronco de alguma árvore. Me tornava insuportável nesses dias, o que me valeu um castigo, um exílio longe de minha família, num internato de meninas.
Mas nada detinha a construção de minhas moradas, mesmo um internato de meninas. Eu nasci predestinada a morar em outras casas, em outros mundos.
Por aqui passo, despercebida de mim e de todos.
Minha mãe dizia sempre e ainda diz que não passo de um monstro.
Os monstros não me assustam, pertencem ao reino dos mundos desabitados por mim. Eu não me assusto, nem com minha mãe, nem com ninguém, sou destituída totalmente de susto.
Minhas casas estão em outras paragens.
Gosto mesmo é de construir casas castelos masmorras senzalas casebres ocas museus mansões hospícios... E o que está fora de minha casa arquitetonicamente construída por mim em todos os seus detalhes, está fora de mim. Não me pertence.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Moradia

“Moradia”


Acabei de me decidir, morar no Céu

Pegarei um foguete que me levará até a Lua
da lua seguirei para Marte
depois Saturno
fazendo uma escala
no Poente
de onde possa ver o Firmamento

Para ter a certeza de não ter perdido a viagem

Não quero viagens longas
Nem sem paisagens belas
Quero uma viagem feliz
De coisas simples
Naturais
e Encantadas

Não aceitarei nenhum suborno

Levarei as pessoas que amo
Vou dormir o mais perto da Lua
De minha janela verei Venus
Do quintal a Terra
E escreverei cartas para todos
que comigo não quiserem

Vir morar no Céu.

A Vida Passa...

A vida passa tão ligeira

passageira

A vida passa tão rápida

traiçoeira

A vida passa tão bela

alegre

A vida passa tão lenta

atenta

A vida passa tão dura

dificil

A vida passa tão generosa

formosa

A vida passa tão linda

infinda

A vida passa tão sempre

para sempre

quarta-feira, 18 de março de 2009

MÚSICA: Ai! Ui!

Para o Meu Grande Amor
VIOLÃO
Meu Amor quanto tempo
eu não lhe Abraço:
Ai! Ui!
que tremenda Agonia:
Ai! Ui!
O que faço sem a minha Vida
por trás de seus braços ou sem
a suA Vida-de por trás dos meus:
o que faço eu?
Ai! Ui!

domingo, 8 de março de 2009

Todo o Dia é Dia de Homenagear a VIDA

VIVA A VIDA E TODOS TODOS OS DIAS
DAMOS LUZ PASSAGEM GERAMOS VIDA
QUE TODOS HOMENAGEIEM TODOS OS DIAS
TODAS AS VIDAS GERADAS E AS QUE AINDA
HAVERÃO DE CHEGAR POR AQUI
TODOS OS DIAS

beijooooooooooooooooooooooooooos

E VIVA TODAS AS VIDAS!!!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

"Uma Vida que Pulsa Dentro da Gente"
Quando me deram o Exame dizendo que sou
portadora de um Carcionoma Ductal Infiltrante
grau nuclear II: O que é Isso? Cancer!!!

A Vida Tomou uma Cor ÚNICA: o Azul do Céu
ficou mais AZUL, as PeSSoas muito mais BONITAS,
o TEMPO PreciOSo e a VIDA UM Presente:

A VIDA É UM PRESENTE!

Com a eminência da Morte, que não Acredito,
nada Morre, nada deixa de Existir, TUDO se
TRANSFORMA, e eu me transformei, mais uma
vez em uma Vida Ambulante, Apaixonada, EsfuZianteee...

Sempre tive uma Empolgação pela Vida ImensA - ADORO
A VIDA - Agora eu não só a ADORO como eu a TENHO
Dentro de MIM.

Não Acredito na Doença, principalmente nessa que Não Dói!

Acabei de ser operada - nem a minha operação Doeu - Tiraram
um pouco do meu peito e ele está mais Bonito - Tiraram dois Sentinelas -
Não Esvaziaram minha Axicila - Sou Violeira "Pantaneira" - E NADA DÓI -

Me Operei dia 17/I/2009 - e hoje é dia 20/II/2009

A VIDA É IMENSA... e vai Além muito Além de um Cancer, Ela está
aqui Dentro e FORA nos APONTANDO O PRESENTE, ESSA NATUREZA
EXUBERANTE QUE MORA DENTRO DA GENTE.

... e o meu CorAção bate do lado DiReito do meu Peito: "MAMA - Mia"

E VIVA O INCA! lá habitam Anjos que Amam e Preservam a Vida e os Homens.

Inté.
Dizem que estou Doente:
Primeiro de Tudo, é que
não me sinto Doente; pois
NADA DÓI!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Vida é uma Festa! Quarta Fúria Festa! Canequinho!

Não tenho pressa
as pessoas
que tem pressa
passam muito rápido
pela vida
e a minha vontade
é de ter vida
Eterna


sábado, 17 de janeiro de 2009

Apocalipse Segundo Domingos de Oliveira com o Grupo FÚRIA

Estréia hoje no Teatro Laura Alvim, às 21 horas
"Apocalipse Segundo Domingos de Oliveira"
e o Grupo FÚRIA (fabrica de Teatro)
Teatro é Paixão! Paixão é Vida! e Vida é AMOR.
Não deixem de assistir essa Encantadora Comédia Filosófica
de AMOR de Domingos de Oliveira.
Assim fala a FIDELIDADE (meu personagem):
"Na medida em que os homens progredirem, na medida
em que puderem alcançar as estrelas, destruírem o planeta
ou salvá-lo... Quero dizer, na medida em que se aproximarem
de nós, os Deuses... Terão cada vez mais a necessidade de
inventarem algo maior que eles, e isto será o Amor fiel, certamente.
O amor então será eterno, um feito para outro, incondicional, e maior
que a morte..." de Domingos de Oliveira
"Apocalipse Segundo Domingos de Oliveira" e o Grupo FÚRIA

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A Eternidade do Amor

A Eternidade do Amor.

Talvez a morte mais difícil seja essa que você espera para morrer, quando a morte anuncia o fim de sua vida, devagar, cauteloso, dando-lhe esperanças de uma possível cura de uma possível volta de um momento de completa loucura e insanidade daquela que você acredita que a sua vida é para sempre.
A morte não é bela
A morte dói na alma, é contra a alma, é imoral a alma, é fora do alcance de qualquer ser humano mortal, se há algum deus, esse deus é a morte, implacável, cruel, enganoso, impossível, misteriosa, crédulo de nossa imensurável credibilidade na fé, é a fé, a morte é como o criador que mata a própria cria, filha bastarda, sem mãe nem pai, amigos, filhos, parentes, sem gente, é vazia, oca, sem nenhuma dimensão, direção, como o fim, é um fim:
A morte.
Que morte é essa que se apresenta lenta, tirando do outro, lentamente, sadicamente a sua vida, como se fosse ela a dona do mundo, o deus da vida, a única certeza acima do homem.
Que morte é essa que te levou assim, e por ser assim, eu fiquei aqui sem mim.
A vida lhe saindo aos poucos, fez de mim parte de você que se ia indo, e eu fui indo com você, precisando de você, acertando todos os meus erros com você, eliminando todas as frestas, poeiras, resíduos, reatando, revivendo, reconstruindo, refazendo nossas vidas e fazendo de nós um só, um pelo outro, um atrás do outro, um indo em direção ao outro, e eu nem percebi que quem ia era só você e não eu e você.
E fiquei aqui com saudades, dos seus lábios finos, frágeis, indo, sua mão entregue a minha, e qualquer gesto meu era um céu seu e meu, coçando suas costas, metendo-lhes as unhas como sempre você pediu, implorou por toda a sua vida inteira dentro da minha, e eu pensei que faria assim muito mais que fiz assim e nós dois na glória no orgasmo respirávamos fundo aliviados do mundo sem peso soltos de amos forrados abarrotados amontoados de vidas alegrias sorrisos precisos música paz amor demais para dar e fomos indo dando nos dando dando dando nos dando dando dando dando-nos
e agora:
continuo dando...
continuo conversando...
continuo amando...
continuo vivendo...
continuo coçando as costas:
de quem! onde! dá para ir até aí! como?
continuo!!!
Ah e essa saudades que não me deixa dormir.
Já não me lembro ter passado um dia na vida que não tivesse falado o seu nome, desde que o conheci nesse mundo mágico, inteiro, imenso, e foi lá em um canto dele que nos encontramos em meio a milhões trilhões e zilhões de estrelas, umas cadentes, outras cometas, outras satélites, outras planetas, vaga-lumes, jacarés, todos vendo e iluminando o nosso primeiro beijo, o nosso primeiro encontro alma e corpo e tudo gritava, corria, aparecia, escondia, saia, naquela imensa noite iluminada naquele meio do pantanal cheio de festa. Jacarés nos viram beijar, tuiuiús pressentiram o nosso primeiro olhar, peixes pularam quando meu corpo colou no seu e a grama amassou a terra entrando para o fundo dos mais fundos dos mundos onde a gente tudo recomeça:
Morri ali para sempre de amor com você:
Continuo.
Tão certo como a morte é a eternidade do amor por nós dois

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Foi-se Alfredinho... Para Onde!
8/I/2009 às 7:05 de uma manhã:
Explendorosamente Bela

Para onde!?
Se alguém souber:
Por - favor me dê o endereço,
quero continuar nossas conversas;
quando se parte assim...
se interrompem muitas conversas!

Fiquei Muda!

Com quem falo?
Com quem me explico?
Com quem troco
os sonhos de nossa vida compartilhada?

Fiquei Confusa!

Onde está que não lhe vejo?
Onde foi que não me deixou o endereço?
Onde vou que já não sei mais voltar:
pra que Casa?

Onde será a nossa casa?
a casa de nossa filha
uma vida compartilhada?
...a casa de todo mundo?
a Casa!???

Será que tudo é Passagem! Viagem!
Não temos uma casa?
Vida!? Morte!?
Quem está Vivo!? Quem está Morto!?
Em que Casa!

Será que alguma vida morre dentro da gente
quando alguém parte de viagem?
Você que já fez a sua passagem e partiu nessa viagem
Me manda uma carta, um sinal, uma luz, um aconchego, uma palavra

Eu estou aqui!!!
Muda! Confusa!
Em que casa!?
e
Morrendo de Saudades...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Coragem!

A Sorte é de quem possue Coragem.
Assim o Mal se transforma em Bem:
Coragem e Sorte
Nesse 2009!!!